(Para me lembrar)
Cria um lugar para te sentares. Senta-te. Fica quieto. Deves depender de afecto, leitura, conhecimento, engenho — mais de cada um do que o que tens — inspiração, trabalho, envelhecer, paciência, pois a paciência une o tempo à eternidade. Qualquer leitor que goste dos teus poemas, desconfia do seu julgamento. Respira o ar incondicionado com sopro incondicional. Evita fios elétricos. Comunica devagar. Vive uma vida tridimensional; mantém-te longe dos ecrãs. Mantém-te longe de tudo o que obscurece o lugar em que está. Não há sítios não sagrados; há apenas sítios sagrados e sítios profanados. Aceita o que vem do silêncio. Faz com ele o melhor que puderes. Das pequenas palavras que saem do silêncio, como orações rezadas de volta para quem reza, faz um poema que não perturbe o silêncio de onde nasceu.